A Regado do "Munho" e o "Munho" do Ribeiro
Tomando na Cruz de Rila um carreiro que em direcção a Sul nos encaminha para junto da Regada do Moinho encontramos a pouca distância e, na testada da Alcina do Roque, o " Munho do Ribeiro". Apesar de pelo menos haver mais dois moinhos ali ao pé e com o da Escraviança movidos pelas primeiras correntes que descem a Ribeira Velha, só um tomou o nome masculino dado em Vilarinho ao leito da decantada Ribeira. É precisamente desse, do "Munho" do ribeiro que vamos hoje falar um pouco à cerca da sua identidade física e personalidade etnográfica.
Como os demais moinhos d'água dos nossos córregos e levadas , o "Munho do Ribeiro" é um modesto cardenho, guiado com cubo e inferno, na margem esquerda do rio; que é afinal o dono do espaço da construção, bem ao contrário do do ti Manel Lopes e do do Juquim do Fernando que estão dentro das terras de cada um.
Foi precisamente a análise desse contraste evidente que nos levou a descobrir no "Munho do Ribeiro" a prova de ter existido entre nós um profundo espírito comunitário pouco a pouco riscado da tradição e memória local. Ajudou também o facto de entre os herdeiros do "Munho" não aparecer nenhum apelido Ribeiro a sobrepor-se e retirar força aos Queirós, Nunes, Manel Rego e outros como a ti Marquinhas da Sousa que arreliada de chegar por mais que uma vez ali e não poder moer por falta do esguicho, dizia: "Cada herdeiro do "munho" devia de ter o seu zicho...". Vão à Lampassa, ver os moinhos.
CP
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Solidário com a causa rural
Em representação do Grupo Folclórico e Recreativo de Vilarinho conhecemos há dias uma associação cuja descobrta nos mereceu a seguinte análise: Movimento quer dizer deslocação, marcha, evolução de ideias; como solidariedade quer significar qualidade daquilo que é solidário com os interesses ou responsabilidades de um individuo ou grupo social. Com estas duas palavras um reconhecido número de pessoas afectas ao estudo das principais carências do homem do campo tomou a peito a corajosa decisão de levar à prática o sentido correcto de cada um desses vocábulos imprimindo-lhe carácter identificativo pomposo no nome dado a uma associação que no terreno próprio promete trabalhar: o Movimento de Solidariedade Rural (MSR).
Como se conclui da leitura expressa numa nota informativa anexa ao articulado das fichas dos sócios " O MSR nasceu em 1983 num Encontro Nacional de Rurais que teve a participação de 50 pessoas, representantes de grupos de todo o país que reflectiram e disseram o que pensam do desenvolvimento do meio rural. As conclusões desse enontro podem ler-se no livro Mundo Rural - Que Desenvolvimeno?", o qual certamente poderá ser adquirido pelos interessados na sede da associação na Av. Sidónio Pais,20-4º,1000 Lisboa. São muitos e ambiciosos os objectivos deste Movimento apostado em promover o desenvolvimento rural português e já com alguns deles a alcançar êxito admirável em áreas diversas como a formação de animadores, apoio a projectos locais, visitas de estudo, seminários para estudo e debate dos problemas dos rurais, tomadas de posição, publicações, jornal e outros. Tudo de harmonia com a proposta estatutária de estimular novos projectos de produção e de vida e da plena consciência dos problemas do meio rural que importa cada cidadão ter e cultivar.
Para uma absorção do valor da obra desenvolvida pelo M.S.R. talvez valha a pena evidenciar dois ou três casos passíveis de ser tomados como prova real daquilo que já foi concretizado desde a sua criação. Assim e para o efeito merece particular destaque aquela primeira iniativa de levar os responsáveis em "Caravana" por todo o país ouvindo as ansiedades dos rurais e das carências das terras, tomar conhecimento in loco. Tratou-se de uma iniciativa original e que produziu frutos tentadores....É de repetir. Depois surgem os cursos de formação profissional agricola, que em colaboração com a ACR e a JARC, o MSR dinamizou com êxito em Aveiro, Lourinhã e Mafra, tornando mais aptos os profissionais formados. Mas de todos os feitos já realizados a elaboração de projectos de desenvolvimento local do tipo "Aldeias de Montanha" é sem dúvida o que de mais relevante até agora se fez a merecer também o reconhecimento da CEE. Há muito a esperar deste Movimento.
Quem não puder ser sócio do MSR que pelo menos se faça assinante do seu porta-voz, o mensário Solidariedade Rural, pois em qualquer dos casos está a ser solidário com a causa rural
Costa Pereira
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In O POVO de BASTO, de 16 de Abril/1991.
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