Domingo, 30 de Novembro de 2008

Folha-18b

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O Bezerro d'ouro

(Lenda)

          Formada por um rebaixamento do solo, entre os cotos dos Palhaços e Palhacinhos, a Plaina dos   Mouros é hoje um ermo pedaço de terra montanhosa onde raramente a presença humana se faz notar, sobretudo após 1933, ano em que os Serviços Florestais iniciaram a florestação nos baldios...do concelho de Mondim de Basto. Antes disso era o lugar frequentado por pastores, carvoeiros e roçadores de Vilar, como havia sido em épocas remotas centro de movimentada actividade social e económica por acção dos habitantes do castro dominante ou citânia vizinha cujos testemunhos arqueológicos  ainda agora são por ali bem evidentes.  

          Com a volta do gado, a ida à lenha ou estrume , por ali passaram inúmeras gerações anteriores à década  de 30, e todas  por sua vez recomendando sempre umas às outras o cuidado... a ter sempre com o passar junto ao "esconderijo da moura encantada", que mais não é senão  um   montão de calhaus a esmo que diz também a tradição ser a boca da mina por onde os mouros levavam os cavalos a beber ao Tâmega. Mais adianta a lenda , existir ali para além da formosa moura encantada , um enorme tesouro enterrado do qual  se destaca um bezerro de ouro que a moura entregará a quem tiver a coragem de em dia e hora determinada lá for quebrar-lhe o encanto.  

          Para lá chegar, indo de Vilar, a escalada inicia-se junto à Poça do Souto seguindo através dum estreito quelho que vai dar aos Poços do Linho, ou pelo caminho que pelo Pontão vai dar ao mesmo sítio. Caminhando, temos alguns metros acima  o Carregal, onde virando à nossa direita podemos seguir  o caminho ou um atalho que nos leva pela encosta  até às Richeiras - zona de interesse arqueológico à espera ser estudada -  ao encontro com o Caminho Novo, de acesso  ao Monte Farinha. Já no Caminho Novo e uma vez nas  Richeiras de Cima, depois de percorridos uns 50 metros vamos deixa-lo e tomar à nossa direita o carreiro que ladeado por brava vegetação nos conduz até  à Fonte dos Gatos. É tempo de recordar que neste pedregoso e íngreme percurso já se gastaram com certeza uns bons 30 minutos do bom caminhar.

          Alcançada a Fonte dos Gatos, temos à vista o topo sul da referida Plaina dos Mouros, e ali, a um canto, surge encostado ao cerro do Meão Grande (ou Palhaços), o tal montão de calhaus que a tradição aponta como sendo um recinto enfeitiçado pela presença duma moura encantada com seus tesouros escondidos no interior da mina.  

          Com mais ou menos veracidade é a história que segue e cujos personagens que entram nela conheci e ouvi relatar, assim: "Se por caridade para com a moura, se por ambição de lhe tomar os bens..., o facto é que munida do livro de São Cipriano, e pela caladinha da noite de certo dia do ano lá foi monte arriba uma nossa conterrânea temidamente violar o arrenegado lugar. Com tão má sorte e azar tentou o desencanto que o resultado foi um susto e o cair  no ridículo de quem soube dessa suposta aventura...

          A tal respeito, e referindo-se à crendeira,  me contava, ainda há pouco, a ti Augusta Ferreira: " A ti Queirota, do Outeiro, bem lá foi  arriba p'ra trazer o bezerro d'ouro, mas o que lhe calhau em paga foi vir pelos ares parar ao Carregal, puxada por um redemoinho  de vento!!! E o  bezerro lá ficou, mais a moura... "

          Para não menosprezar a memória das saudosas irmãs Queirós que bem conheci, quero dizer à ti Augusta, para sua informação: - Em nossos dias, mesmo sem o livro das bruxarias, nem em noite de São João, tem havido muito boa gente de fora da nossa freguesia a fazer o mesmo....Só que esses devido ao peso das pias e doutros  artefactos arqueológicos saqueados, em vez de voarem levados por um redemoinho, são eles que fazem voar o património local, deixando ali somente o  que não podem levar: a moura e seu bezerro de ouro...

Costa Pereira

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Toponímia Local

          Continuando com o arrolamento dos diversos topónimos existentes na nossa freguesia , vamos desta vez focar aguns de origem arqueológica:

Cabeça do Homem    =   Penedo de Vilarinho

Cancela   =   lugar de Vilar

Castroeyro   =  lugar de Campos

Couto da Pena   =  monte  de Vilarinho

Muro =  lugar de Vilar

Mina dos Mouros  =  monte de Vilar

Pedra que Fala =  calhau de Vilarinho (Campo do Seixo)

Pedreira =  aldeia

Premurado =  monte de Vilarinho

Gruta do Ermitão = Monte Farinha

Richeiras = monte de Vilar

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 19:55
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Sexta-feira, 14 de Novembro de 2008

Folha 18

< EDITORIAL

          Mais um aniversário sobre o aparecimento da nossa Folha Informativa ocorreu recentemente. Dessa ocorrência derivou esta modesta publicação entrar no seu VIIº ano de activo labor em prol do Folclore, da Etnografia e da Informação relacionada com o GFRV, e da sua área de actividade: a região de Basto.

          Consciente do seu potencial histórico e cultural, são Pedro de Vilar de Ferreiros tem sabido defender com maior ou menor garra esses pedaços de  "portugalidade"  pouco a pouco desaparecidos com a perda da antiga municipalidade das FERRARIAS, sem para isso precisar de recorrer ao apoio do vizinho prior...Usando da prata da casa e enquanto houver tradição na alma desta gente dantes quebrar que torcer, lá vamos cantando e rindo....

Costa Pereira

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O COUTO (das FERRARIAS)

          Sobranceiro à aldeia de Carrazedo ( São Cristávão de Mondim) e no extremo poente da Serra de Campos , fica situado o alto do  Couto ou Couto de Campos. Local que há mais de sete séculos vem servindo de referência divisória entre as freguesias de Vilar de Ferreiros e Mondim de Basto, como podemos ver mediante a linha 31, pág. 13, do trabalho " A região de Basto e As Ferrarias Entre Tâmega e Douro", onde aparece citado: cotu de Carrazedo.

          Pode acontecer que tal designação derive do facto do monte em causa, por perder ali a cauda, tivesse recebido como prémio de "rifa" o designativo. Mas porque tal apreciação cabe aos etimilogistas estudar, nós vamos deixar aqui pela boca do prof. Jorge Dias o conceito do termo na versão do título:  " Os coutos não são propriamente baldios do povo. A maioria das lameiras ou lameiros foi outrora dividida por vários vizinhos, cujos herdeiros ainda hoje pagam as respectivas contribuições aoa Estado".

          No caso do  Couto de Carrazedo ou de Campos, se desses  "coutos" algumas vez se tratou, foi a seu termpo bem repartido pelos vizinhos de Campos (Vilar) e Campos(Mondim).

JC

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 18:36
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Segunda-feira, 10 de Novembro de 2008

Folha-17d

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25 Anos ao SERVIÇO DA PARÓQUIA

          Foi a 12 de Janeiro de 1961 que a Residência Paroquial de São Pedro de Vilar de Ferreiros franqueou as portas para receber como seu respeitável inquilino, o senhor padre Manuel Joaquim Correia Guedes. Decorridos 25 anos determinou o ilustre locatário do vetusto imóvel franquear as mesmas portas a uma representação de paroquianos e amigos, residentes em Lisboa, que fizeram questão em se associarem às Botas de Prata paroquiais do abade Correia Guedes, ocorridas no passado dia 12 de Janeiro.  

          No final da Santa Missa, que foi o centro das comemorações da efeméride, um lauto almoço aguardava os convidados no " austero refeitório de padre de aldeia", durante o qual o Sr. Padre Guedes fez uma longa explanação da sua actividade sacerdotal e secular e, comentou com elevado reconhecimento, as atenções de que acabava de ser alvo por parte de toda a população da freguesia de Vilar de Ferreiros. Já que em boa verdade desde o mais humilde paroquiano à figura mais destacada da nossa terra, todos contribuíram para abrilhantar esta significativa homenagem ao nosso dilecto pároco, que por sua vez e para agradecer de forma pública o carinho recebido, mandou posteriormente imprimir em várias pagelas de devoção Mariana a seguinte mensagem alusiva à efeméride:

          " BODAS de PRATA na PARÓQUIA de Vilar de Ferreiros e no Santuário de Nossa Senhora da Graça

Padre Manuel Joaquim Correia Guedes

12-01-1961 a 12-01-1986

          = O modelo desta vida espiritual e apostolica é a bem-aventurada Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos(.....)

          Prestem-lhe todos um culto cheio de devoção e confiem à sua solicitude materna a própria vida e apostolado = (Vaticano II - A.A. 4)". 

          Como já o fez a Direcção do GFRV, também esta Folha saúda o seu Amigo e leitor atento, senhor Padre Guedes.

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Mordomos

          Segundo Alberto Sampaio "Na Idade Média, os mordomos eram os descendentes dos villicos, do período romano e visigótico que , mais tarde, acumularam a cobrança de penas peculiares pelos delitos e crimes ( calumpnia, caomias, vozes)".

          Actualmmente esse termo destina-se a designar aqueles que têm a seu cargo preparar e dirigir festas de igreja, ou sejja o conjunto dos elementos de uma comissão de festas.

          Todos sabemos isso na nossa terra, mas não deixa de ser curioso recordar aqui a evolução do de uma palavra cujo segnificado de cobrador passou para administador ou festeiro.....

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Síntese

          A permanência do nosso Director junto de nós já começou a sortir efeitos positivos para o GFRV

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          As reuniões "Amigos do Café e Bagaço" parece que já vão produzindo os seus efeitos na nossa freguesia. O interesse associativo a nível rural vai começar  a despertar.

xxx

          Graças às Bodas de Prata paroquiais do nosso Abade, a nossa freguesia teve a honra de 1ª págína na Imprensa da região e terras vizinhas.

xxx

           O 1º Encontro de Folclore do Distrito de Viseu, ocorreu a 16 de Março.  >

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 17:04
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Terça-feira, 4 de Novembro de 2008

Folha-17c

 

António Senra

          Foi um distinto cultivador de Arte, em terras de Basto! A Poesia, a Música, o Teatro e a Pintura, fizeram parte do jardim espiritual de António Senra. Dons artísticos que a alma do poeta zelava, sem descuidar as relações humanas que tratou até final da sua vida física.

          Nascido em Cabeceiras de Basto, o senra viveu as últimas décadas de anos em Celorico, onde tive a sorte de o conhecer e depois graças à Imprensa local, ver nascer entre nós uma mútua admiração e amizade que na hora da partida...sua dilecta esposa pode testemunhar e me transmitir:

          " Porto, 27 /6/85

           Senhor Costa Pereira:

           É com mágoa que o informo de que faleceu o seu amigo António Senra.

           Faleceu no Hospital de Santo António - Porto

           Deixou-lhe  o último abraço antes de falecer

                                                                                           Sofia"

          Amigo também da nossa freguesia, são dele os versos inéditos que vou transcrever:

          " Marcha de São Pedro de Vilar de Ferreiros:

Nossa Vilar de Ferreiros

Com Ribeira Velha

Até ao Rio  Cabril,

E ainda o Monte Farinha

Onde a águia esvoaça,

É nele que mora Altiva,

Nossa Senhora da Graça!

O São Pedro é Padroeiro

Da nossa terra querida

Onde o trabalho no campo

Tem poesia louçã!

Bendito sejas Vilar,

Terra Nossa, que afinal

És Portugal a cantar.

                  Refrão

          Freguesia muito amada

          Entre campos e trabalho

          Que tem poesia e vida.

          É lá que mora também

          Desde a manhã ao sol-pôr,

          Aquele sagrado amor

          Pela nossa terra querida!

Nossa Senhora da Graça:

Tu és Sacrário alto

A dominar a paisagem

com céu lindo, sem igual!

Embora alguns interesseiros

Te digam que és só deles...

És de Vilar de FERREIROS!

No sopé da Tua ERMIDA

Como harpa sonorosa, corre,

O Tâmega corre, corre,

Gemendo doce murmúrio

Como a carpir suas mágoas.

E Tu SENHORA BENDITA,

Abençoas suas águas!

          Refrão

Freguesia muito amada,etc."

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          Pela carta que segue os leitores perceberão o motivo porque parte destes versos são inéditos:

          " Amigo Costa Pereira:

          Estimo que tivesse passado Boas Festas Natalícias e Boas entradas do Ano Novo, na companhia de sua esposa e filhinha. Aí lhe mando um esquema poético. Recolha os  versos que melhor agradarem - entre os meus e os do Lopes.

          Foi o que se pode arranjar, meu bom amigo. De cérebro já cansado - não pode sair "coisa" de 1ª.

          É tudo. Cumprimentos à D. Saudade e um abraço forte do amigo

Senra.

          Celorico de Basto, 30/12/78"

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          Foi a resposta do Senra ao pedido de colaboração que lhe solicitei para co-autor, com o também já saudoso José  Lopes, da Marcha de Vilar de Ferreiros. Seleccionei apenas o refrão.

          Obrigado António Senra. 

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CP

publicado por aquimetem, Falar disto e daquilo às 19:08
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